Boi com chip: como saber se a carne está livre de desmatamento?
COP30 - Boi com chip: como saber se a carne está livre de desmatamento? É possível saber se a carne que a gente come está livre de desmatamento? ➡️ O B...

COP30 - Boi com chip: como saber se a carne está livre de desmatamento? É possível saber se a carne que a gente come está livre de desmatamento? ➡️ O Brasil ainda não tem uma política pública que consiga identificar se um boi veio de uma área desmatada ilegalmente. No entanto, algumas iniciativas privadas já fazem a diferença. O g1 esteve em Rio Maria, no Pará, o estado com o segundo maior rebanho bovino do país e o maior da Amazônia, para conhecer um sistema de identificação de bois com chips que tem o objetivo de garantir uma carne livre de desmatamento Recordar é viver: em 2009, o Greenpeace publicou um relatório conhecido como “Farra do boi na Amazônia”, denunciando empresas que compravam gado de terras desmatadas ilegalmente. A publicação mexeu bastante com o setor: na época, grandes redes de supermercados, restaurantes, marcas de roupas, calçados e carros boicotaram a compra de couro e carne da Amazônia. Diante da forte pressão, grandes frigoríficos da Amazônia assinaram, no mesmo ano, Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) com o Ministério Público Federal (MPF), se comprometendo a não comprar bois de áreas desmatadas. A iniciativa ficou conhecida como Carne Legal. Hoje, a maior parte dos frigoríficos que tem uma atuação relevante fazem monitoramento, mas ele é limitado. A maioria só checa a situação dos fornecedores diretos - a última de três etapas da pecuária. 1ª etapa: cria, que é a criação de bezerros. 2ª etapa: recria, onde os bezerros são engordados até viraram bois magros. 3ª etapa: engorda, onde os bois magros viram bois gordos. Apenas a etapa da engorda fornece a carne diretamente para os frigoríficos. Assim, há um gargalo nas etapas iniciais. Às vezes, os bois crescem em uma área ilegal, mas, na sequência, na fase da engorda, são vendidos para fazendas que estão em dia com a lei. Boi com chip? O g1 visitou uma fazenda no Pará para conhecer uma possível solução para o problema. "Eu não quero construir um elefante branco. A minha vida está no Pará. Tudo o que eu investi está aqui. E eu comecei a pensar que, daqui a pouco, eu posso ficar excluído e ninguém mais querer comprar carne da Amazônia", conta o pecuarista e dono do Frigorífico Rio Maria, Roberto Paulinelli. 🐂O projeto-piloto de rastreamento adotado na fazenda de Paulinelli, no Pará, foi criado há dois anos. Eles colocam um chip na orelha do boi, uma espécie de brinco, que rastreia todo o percurso da vida dele. No entanto, a implantação deste chip tem um custo financeiro, e os pecuaristas estão cobrando do governo federal uma política pública que dê incentivos e estrutura para implementar essa técnica. A preocupação não é só com a preservação das florestas - é com a sobrevivência do negócio. Cada vez mais, os países que compram a carne brasileira endurecem as regras. A União Europeia, por exemplo, aprovou uma lei antidesmatamento, que proíbe a importação de produtos que venham de áreas desmatadas. No rastro do boi Bárbara Miranda, Bruna Azevedo, Bianca Batista e Luisa Rivas | Arte g1 Boi com chip: como saber se a carne está livre de desmatamento? Gustavo Wanderley/g1